Presidente do PT se incomoda com a liberdade de expressão: “É o blog do Zé não sei o quê”

Chamou atenção uma manifestação do presidente do PT no Maranhão, Francimar Melo. O dirigente partidário se mostrou incomodado com o número de blogs que existem no estado:

“É o blog do Zé não sei o que. Aí ele diz, passa uma mensagem ali e isso no outro dia é a maior verdade que tem”, lamentou Melo o exercício da liberdade de expressão.

A fala aconteceu durante entrevista ao colunista político Felipe Klamt, ao programa Palpite (TV O Imparcial).

Francimar só esqueceu que o estímulo dos blogs no debate público e político foi incentivado pelo próprio Partido dos Trabalhadores e pela comunidade acadêmica que, em sua essência, é de esquerda. Veja o vídeo acima do texto.

Ainda em 2010, no último ano do segundo governo Lula, no auge da campanha de Dilma Rousseff, o PT organizou a chamada Caravana Digital, que percorreu os 27 estados em 50 dias ensinando militantes a atuar em redes sociais e blogs. Foi a primeira experiência de “guerrilha digital” em eleições no Brasil.

No mesmo ano, aconteceu em São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas (20 a 22 de agosto), reunindo 330 pessoas de 19 estados com o objetivo de fortalecer uma rede de blogs alinhados à esquerda, justamente para contrapor a chamada “mídia tradicional”.

No Maranhão, esse modelo também foi incentivado pela esquerda, principalmente quando o grupo de Flávio Dinoainda não tinha acesso aos grandes veículos de comunicação. Os blogs se tornaram trincheira política. Primeiro para atacar adversários e, depois, para defender o governo.

Há casos ainda mais explícitos: blogs como o Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, e o Blog do Cafezinho, de Miguel do Rosário, receberam verbas de publicidade do governo federal e de estatais durante os governos petistas, algo noticiado inclusive pela imprensa tradicional.

Agora o PT, a exemplo de Francimar Melo, reclama da presença de blogs. Talvez não tenham imaginado que a dinâmica da internet não é a mesma da mídia tradicional e que não há como controlar a massa nem a mensagem. A internet é feita de bolhas, e dentro dessas bolhas há sempre aquelas que não atendem aos interesses do partido da vez.

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